homem segura o punho sinalizando dor durante o trabalho

LER e DORT: O que é? Qual é a diferença?

Rotinas de trabalho podem ser estressantes e causar problemas de saúde como a LER e DORT. Essas duas se confundem por atingirem o mesmo grupo: ossos, músculos e tendões. Entenda nesse artigo as diferenças e quais são direitos os portadores de LER e DORT.

O que é LER e DORT?

LER e DORT são sinônimos para doenças que impactam os músculos e ossos. Enquanto LER é a sigla para “Lesões por Esforços Repetitivos”, DORT é “Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho”.

LER/DORT é um termo usado para descrever um grupo de doenças que afetam o sistema musculoesquelético, ou seja, os músculos e ossos. É causada por esforços repetitivos como: digitar por muito tempo sem descansar, manter os braços na mesma posição numa postura inadequada, usar o celular por muito tempo e até mesmo estresse.

Mudança de nome favorece trabalhadores

Desde 1998 substitui-se LER por DORT, por conta de mudanças na Previdência Social em sua Norma Técnica para Avaliação de Incapacidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, essa alteração é importante para maioria dos trabalhadores com sintomas no sistema musculoesquelético que não apresentam sinais de lesões no corpo poderem comprovar a doença.

Quais são os principais sintomas de LER/DORT?

Alguns sintomas estão diretamente ligados à LER/DORT. São eles:

  • Dor nos membros superiores e nos dedos: Isso pode ser uma das primeiras manifestações da condição, afetando principalmente os dedos e as mãos.
  • Dificuldade para movimentar os membros superiores: Pode ser notada uma redução na amplitude do movimento, tornando as atividades diárias mais desafiadoras.
  • Formigamento: Sensação de formigamento ou picadas nos dedos ou mãos.
  • Fadiga muscular: Sentimento de cansaço ou falta de energia, especialmente após períodos de atividade prolongada.
  • Alteração da temperatura e da sensibilidade: Algumas pessoas podem sentir os dedos mais quentes ou mais frios do que o normal.
  • Inflamação: Aumento da inflamação nas áreas afetadas, que pode ser palpável
  • Fisgadas ou fraqueza muscular.

É importante que essa condição pode afetar tanto os membros superiores quanto o corpo inteiro, causando desconforto generalizado ou sintomas que se irradiam para outras partes do corpo.

Postura ruim durante horas de trabalho pode lesionar trabalhadores da área de construção.

Quais esforços podem causar doenças musculoesqueléticas?

Entre os tipos de esforços que podem causar LER/DORT estão:

  • Esforços repetitivos: Movimentos constantes, como digitação ou uso de ferramentas manuais.
  • Postura inadequada: Trabalhar em posições difíceis e com má circulação sanguínea.
  • Exposição a ambientes ou ferramentas com vibrações constantes.
  • Ficar exposto à agentes químicos como chumbo, flúor ou cloreto de vinilo.
  • Se expor à agentes físicos como calor, frio, eletricidade e radiações ionizantes.
  • Mudanças drásticas de pressão podem causar doenças.
  • Trabalhadores que levantam cargas pesadas ou repetidamente podem desenvolver lesões.
  • Sobrecarga estática: quando o trabalhador fica contraído para manter a postura por muito tempo.

Semelhanças entre LER e DORT

Independentemente das siglas, as duas se referem a doenças que afetam músculos, ossos e terminações nervosas. Entre as principais, os especialistas citam:

  • Sinovites e tenossinovites – CID M65
  • Dedo em gatilho – CID M65.3
  • Outras sinovites e tenosinovites – CID M65.8
  • Bursite da mão – CID M70.1
  • Lesões do ombro – CID M75
  • Síndrome do manguito rotador  – CID M75.1
  • Tendinite biciptal – CID M75.2
  • Bursite do ombro – CID M75.5
  • Outras lesões do ombro – CID M75.8
  • Epicondilite lateral (cotovelo do tenista) – CID M77.1
  • Síndrome do túnel do carpo – CID G56

O que pode causar a LER/DORT?

O Ministério da Saúde aponta que não existe uma única causa para LER/DORT, mas uma série de fatores ocupacionais que podem contribuir para seu surgimento. Entre eles estão:

  • Postura inadequada: Manter o corpo em posição estática por períodos prolongados ou em uma postura que não permite o alinhamento correto dos músculos prejudica a saúde.
  • Falta de pausas: A ausência de intervalos regulares durante o trabalho aumenta o risco de LER/DORT, pois pausas permitem que os músculos relaxem e se recuperem, reduzindo a tensão e prevenindo lesões.
  • Uso inadequado de equipamentos: Equipamentos não ergonômicos ou inadequados para a atividade realizada, incluindo teclados, mouses ou ferramentas manuais que não minimizam a tensão nos músculos.
  • Vibração: Exposição excessiva a vibrações, como as geradas por máquinas, aumenta o risco de tensão muscular e contribuindo para condições como tendinite e bursite.
  • Fatores ambientais: Temperaturas extremas, iluminação inadequada e ruído excessivo podem aumentar a fadiga muscular e contribuir para o desenvolvimento de doenças.
  • Estresse e ansiedade: O estresse relacionado ao trabalho pode aumentar a tensão muscular, especialmente em ambientes estressantes ou com falta de suporte para lidar com o estresse.

Em resumo, os principais motivos para LER/DORT são: movimentos repetitivos, ritmo de trabalho intenso, móveis e equipamentos desconfortáveis, postura inadequada, falta de pausas para ir ao banheiro, pressão constante por produtividade, exposição ao frio e vibrações.

Quais atividades são mais propensas a desenvolver LER e DORT?

Profissionais que trabalham constantemente no computador, como operadores de telemarketing e secretárias, estão entre os mais atingidos por estes distúrbios.

De forma geral, as profissões mais atingidas são:

Funções/atividades mais frequentes
Digitador
Montador de componente eletrônico
Bancário
Caixa de supermercado
Costureira
Riscadeira
Arrematadeira
Programador de TV
Cozinheira
Escriturário
Bilheteiro de metrô
Distribuidor de cartas/documentos
Telefonista
Embalador
Operador de telemarketing
Fonte: Ministério da Saúde

Como é feito o diagnóstico?

O especialista avalia o paciente clinicamente, analisando seus comportamentos, hábitos, ambiente de trabalho, histórico familiar e antecedentes pessoais, além de realizar um exame físico detalhado.

Uma vez que ele suspeita de LER/DORT, solicita exames complementares específicos, como ultrassonografia, eletroneuromiografia e ressonância magnética, se necessário.

Exame de ultrassom para avaliar braço de paciente.

Como comprovar?

Para comprovar a LER/DORT junto ao INSS, o trabalhador precisa passar por perícia médica.

Para agendar a perícia do INSS, você pode acessar o site do órgão e clicar em “Agendar perícia”, preenchendo as informações necessárias. Outra alternativa é comparecer pessoalmente a uma agência da Previdência Social em sua cidade para fazer o agendamento.

No dia da perícia, é essencial levar consigo:

  • Documento de identificação com foto;
  • CPF;
  • Carteira de Trabalho;
  • Documentos médicos, tais como atestados, exames e receitas (caso tenha).

É importante ressaltar que o INSS exige laudos, exames e receitas médicas com o Código Internacional de Doença (CID). Portanto, verifique se seus documentos estão corretamente preenchidos antes da perícia.

Caso tenha agendado a perícia online ou por telefone, leve consigo o comprovante do agendamento realizado pela internet ou o número do protocolo.

Direitos da pessoa com LER/DORT

Primeiramente, é importante entender que se uma pessoa é diagnosticada com uma doença relacionada a LER/DORT, isso não implica que ela deva ser afastada automaticamente do trabalho ou que tenha direito a benefícios da Previdência Social.

Se ela realmente estiver impossibilidade de cumprir suas funções e estiver inscrito no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pode receber um dos benefícios, nestes casos: auxílio-acidente, auxílio por incapacidade temporária ou aposentadoria por invalidez.

O INSS utiliza um código numérico para categorizar cada um desses benefícios. Abaixo, detalhamos mais sobre cada um deles e fornecemos seus respectivos códigos.

Auxílio por incapacidade temporária

Se o trabalhador necessitar de um afastamento de mais de 15 dias, ele estará elegível para receber o benefício de Auxílio Temporário por Incapacidade, identificado pelo código B31.

Este benefício é destinado a segurados do INSS que, conforme comprovado por uma perícia médica, estejam incapacitados temporariamente para o trabalho ou sua atividade habitual por um período de 15 dias consecutivos, devido à doença ou acidente.

Auxílio-acidente

Se identificada como uma doença do trabalho, ou seja, uma condição decorrente das características ou condições da atividade profissional, o trabalhador tem direito ao Auxílio-Doença por Acidente do Trabalho, designado pelo código B91.

Nesse contexto, após o retorno ao trabalho, o trabalhador desfrutará de estabilidade por até um ano após receber alta médica, garantindo que não possa ser dispensado durante esse período.

É fundamental ressaltar que, quando o afastamento é causado por uma doença relacionada ao trabalho, cabe à empresa abrir a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). Mas caso ela não faça, tanto o sindicato que representar a categoria do trabalhador ou o próprio empregado podem abri-la.

Aposentadoria por invalidez

Nos casos em que a lesão seja definitiva e impossibilite a recuperação ou o retorno do profissional à sua função, o trabalhador pode solicitar a aposentadoria por invalidez e, se comprovada a relação da doença com más condições no trabalho, buscar indenização pelo dano causado.

Caso a posentadoria seja por invalidez previdenciária, o código é B32. Enquanto a aposentadoria por invalidez devido acidente, tem o código B92.

Se você tem LER/DORT e não pode trabalhar, pode ter direito à aposentadoria por invalidez e isenção do IRPF. Isso também se aplica se a condição for ligada ao trabalho. Converse conosco e descubra se tem direito à isenção de imposto de renda.